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Um (quase)último adeus

Aperta o play!

Olá Azeroth!

Estou a alguns dias planejando esse post. Não só para que ele seja especial, como fiz com todos outros. Mas principalmente por ele ser o último. Sim, meus amigos, chegamos ao final da nossa estrada em World of Warcraft. De fato, uma estrada cheia de grandes aventuras, risadas, tensão, emoção e por que não dizer, lágrimas.

Depois de aproximadamente 5 anos dedicados intensamente ao jogo e a sua comunidade, eu decidi que cheguei no ponto onde as placas me indicam só um caminho, o de casa. Chegou o momento no qual, depois de pesar bastante todos os pontos, devo encerrar essa inesquecível jornada.

Do jogo, ficam as incontáveis memórias de glórias, conquistas, progressões inesquecíveis, superação de adversidades. Da comunidade, as grandes e verdadeiras amizades que foram construídas nesse tempo.

Você deve estar se perguntando o porque dessa repentina e inesperada parada, ainda mais em caráter radicalmente definitivo. Bom, essa é uma questão cuja resposta inevitavelmente vai atingir meu foro íntimo. No entanto, como eu sempre pautei minha conduta, seja no World of Warcraft, seja na vida real, na transparência, na verdade e na dignidade, eu posso compartilhar com vocês.

Eu vinha desde o início de Battle for Azeroth como GM da guild e como RL de um dos cores da mesma. Eu assumi nesse período uma gama de responsabilidades (supervisão da conduta dos players, recrutamentos, criação e manutenção das mídias da guilda, elaboração de regras de convívio e etc).

Das responsabilidades de GM, eu nunca tive problema, afinal a guild nasceu de um grupo de amigos de verdade. Foram acrescentadas pessoas cuja mentalidade e propósitos no jogo fossem coerentes com os nossos. Essas pessoas vieram e acrescentaram inestimável valor humano à guild. A função de GM sempre foi bastante leve.

Diferente disso são as responsabilidades de RL. O raid leader é aquele que tem a função de ser o chato da turma. Eu assumi como RL na ausência de interessados e me dispus a ir até conseguia. Isso eu fiz. Eu toquei o core da forma mais transparente, mais honesta e mais objetiva que eu pude. Eu procurei em todos os momentos valorizar cada pessoa que esteve sob minha liderança. Eu procurei ser sensato e compreensivo com todos, sempre.

O grupo sempre me retribuiu com respeito e consideração, disso eu não posso me queixar. O meu problema, na verdade, foi a sucessiva falta de respaldo da Blizzard® no que diz respeito à minha função. Tudo que um RL tinha de ferramenta para avaliar seus players de forma objetiva, foi sucessivamente sendo removido do jogo.

Eu tinha um monte de responsabilidades de planejamento do grupo, seleção de jogadores, mas o jogo em si não me dava ferramenta nenhuma para fazer isso. Simplesmente o jogo chegou num ponto onde raidar ou não raidar, usar encantamentos, usar poções, frascos e demais consumíveis tornou-se para poucos. O jogo premia demais missões mundiais e com o advento da masmorra mítica mais, o saque das masmorras passou a exigir comprometimento de grupos menores, o que inevitavelmente acabou segregando ainda mais os jogadores.

Eu tinha um enorme desejo de que a progressão fluísse melhor, mas não tinha ferramentas para lubrificar as engrenagens do grupo e não tinha argumentos para cortar jogadores que não se empenhavam tanto. A escalada do nível de estresse com a escalada da dificuldade começou a afetar severamente minha saúde.

Desde a campanha de Uldir eu já vinha sofrendo com insônia. Dormir havia se tornado uma missão difícil (mais difícil que salvar as tartarugas que queriam chegar à água). Eu passei a usar medicação para tal. Por um tempo, funcionou.

No entanto, isso começou a evoluir para um quadro de princípio de depressão, pois passei a me afastar de todas pessoas que conhecia, inclusive da minha família. Passei a viver isolado, me comunicando pouco e me trancafiando.

O fim de março veio com uma crise de insônia que veio junto com uma crise de ansiedade. Eu passei realmente mal, passei a noite em claro tentando me acalmar e só conseguia ficar mais ansioso. Dessa vez a dose de medicação foi realmente pesada e o resultado foi ruim, ou seja, não teve o efeito esperado. Isso me mostrou só uma coisa. Era a hora de parar. Parar de verdade. World of Warcraft havia se tornado um trabalho, no qual eu não ganhava nada, mas somente estava perdendo.

Comuniquei a liderança da guild da minha decisão e tomei minhas providências. Passei o bastão. Eu tenho a consciência tranquila de que fiz tudo que estava ao meu alcance em prol do grupo, da guilda e de todos. Não deixei ninguém ao “Deus dará”, pois deixei pessoas que sei que são capacitadas para continuar pela estrada que eu, com tanto esforço, tentei colocar o grupo. Minha saída, para quem estava na liderança não foi uma surpresa, pois em diversas ocasiões eu já havia avisado que eu estava sendo desgastado e que isso estava me afetando.

O que vem a seguir não tem o intuito de me glorificar, mas somente mostrar o quão dedicado eu tentei ser nessa história toda. A despeito de todas responsabilidades, dentro de jogo, eu sempre dei meu máximo, sempre extraí de mim tudo que pude. Nunca deixei meu personagem abaixo do que eu pensava ser o melhor. Sacrifiquei meu tempo com farm, com estudo de classe, com grind e tentei deixar sempre meu personagem na sua melhor forma possível, sem jamais reclamar de peso, cobrança, desânimo, gosto ou desgosto com a expansão. Isso não me cabia. Se eu estava à frente, eu tinha que corresponder.

Abaixo alguns números e estatísticas que acumulei nesse período, das quais eu não me orgulho, apenas olho para elas com o sentimento de missão cumprida.

10º Melhor Tecelão das Névoas em dificuldade heroica do servidor. Fonte: Warcraftlogs.com
Healer do 2º melhor grupo de masmorra de pedra chave do Servidor, 3º do Brasil. Fonte: Wowprogress.com
Progressão mítica iniciada, AOTC garantido ao grupo. Entre os 50 melhores grupo de raid do Servidor. Fonte: Wowprogress.com

Nada disso seria possível sem esse grupo que me ajudou incontáveis vezes, que me deu lembranças que levarei para o resto da vida, assim como o carinho e a amizade de todos vocês. Os números, dentro do jogo, foram a forma que eu encontrei de retribuir tudo de positivo que sempre recebi. Sempre que eu disse GM AMA VOCÊS, sempre foi de verdade. Nunca foi da boca pra fora.

Eu penso que a vida é feita de ciclos. Está se fechando um ciclo, mas um novo está se abrindo. Esse site passará a ter seu conteúdo em caráter estático, ou seja, não receberá mais atualizações. Ainda assim, ele ficará como um memorial dessa história sensacional desses últimos 5 anos. Devo migrar a hospedagem dele para algo gratuito, a fim de reduzir os custos.

Ocasionalmente, ainda jogarei outros jogos, mas somente de maneira casual. Eu sinceramente não pretendo me envolver profundamente com outro jogo. Nunca mais. Devo aparecer no Overwatch para partidas “Arcade” ou “Jogo Rápido”, que não requerem um engajamento maior.

Devo criar um canal na Twitch.tv para streamar essas jogatinas, também como uma maneira de registrar bons momentos. E claro, todos estão convidados para jogar comigo e continuar por perto, afinal de contas, a Guild Clash of Cones perde um Panda gordo, mas nunca um amigo.

“I bid you all a very fond farewell.”

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