Jamiell News

Nostalgia – Sobre os servidores primitivos.

Olá Azeroth!

Certamente todos estão acompanhando a polêmica envolvendo o fechamento do Servidor Privado Nostalrius, que conseguiu certo número de subscritores usando o apelo do World of Warcraft clássico.

A Blizzard conseguiu na justiça a poucas semanas o fechamento do Servidor Privado “Nostalrius”. Desde então, acendeu-se uma velha discussão entre aqueles que defendem a qualidade do World of Warcraft clássico contra aqueles que gostam das inovações e aprimoramentos que o jogo recebeu durante esses 12 anos.

A Blizzard, nesse período, inclusive, sofreu até ataques DDoS de usuários inconformados com a insensibilidade da empresa diante da questão, pelo fato da mesma quedar-se silente sobre o debate e não contemplar, de alguma forma, os amantes da versão clássica do jogo.

Diante do cenário desfavorável (queda considerável do número de subscritores do jogo, críticas pesadas com o conteúdo atual e o crescimento de comunidades “paralelas”), a Blizzard se viu obrigada a quebrar o silêncio.

Coube ao CM Nethaera a manifestação oficial sobre o tema (confira aqui, na íntegra). Ele foi bastante político e abriu a possibilidade da Blizzard, de alguma forma, atender esse público ávido pela “dificuldade” dos tempos do Clássico. Anunciou que está sendo estudada a possibilidade da criação de reinos chamados “primitivos” (tradução livre), nos quais itens de herança e quaisquer outros implementos na aceleração da evolução do personagem seriam desativados.

Hoje cedo foi anunciado que a Blizzard receberia em seu escritório a equipe responsável pelo Nostalrius para uma reunião, aumentando ainda mais as especulações sobre o assunto e sobre essa eventual implementação no jogo.

Esses são os fatos.

Eu entendo que sempre haverão jogadores insatisfeitos com o jogo. Independente da qualidade atual, do conteúdo e qualquer aspecto do gameplay, sempre haverão os inconformados. E sim, eles fazem muito mais barulho que os satisfeitos.

Dentre eles, sempre haverão aqueles que dirão que o passado era glorioso e o futuro é a ruína. Esses que citam o passado como melhor, em geral, são jogadores veteranos, que estão no jogo desde o Clássico ou o Burning Crusade, que é a expansão que menos mexeu na estrutura inicial do jogo, no que diz respeito à progressão do personagem.

Nessa época, tudo era novidade. O jogo era novidade, o estilo de jogo era inovador, imersivo, sedutor e complexo. Esses são apenas alguns dos motivos que tornaram o jogo tão atrativo e passional para seus fãs.

Sempre ouviremos nos debates, quando encontrarmos um veterano:

  • “No tempo do clássico, tinha quest de profissão!
  • Tinha quest de classe!
  • Só podia usar montaria terrestre no nível 40, o treinamento da montaria mais rápida era absurdamente caro, só podia voar em Outland!
  • Tinha que ir no instrutor de classe aprender novas habilidades quando subia de nível!
  • O farming era difícil e concorrido, os preços na casa de leilão eram bem mais baratos, o jogo está inflacionado!
  • Não existia boost no personagem, hoje é cheio de cone nas raides porque as pessoas boostam os personagens e não aprendem a jogar com eles!
  • Tinha quest de grupo!
  • A árvore de talentos…..
  • O jogo era mais difícil, era impossível fechar Naxxramas no Vanilla com 40 JOGADORES!
  • Quests de atunamento para entrar nas raides eram muito melhores do que simplesmente entrar no LFR!”

Esse tipo de jogador saudosista inveterado não se atém que hoje as dificuldades do jogo são outras. O desafio não é mais se preparar para uma raide com missões de preparação e encontrar um grupo enorme. O desafio hoje é encontrar um grupo comprometido, que entenda sua classe, que seja capaz de lidar com as mecânicas (que tem um funcionamento muito mais elaborado que as raides antigas) das batalhas e que seja capaz de se manter unido.

O que algumas pessoas não entendem é o que hoje o jogo mudou de perfil. Ele é mais um jogo de ação do que um RPG. Temos problemas com o jogo? Sim! Assim como tivemos no passado e lá também choviam críticas.

O jogo, hoje, não é menos imersivo, complexo e denso. A diferença é que ele mostra isso ao usuário que se dispõe a procurar isso, se envolvendo com as missões, com a evolução. O jogador que deseja evoluir rapidamente, passa batido pelo que os veteranos consideram como “o santo graal do jogo”, ou seja, o conteúdo que eles foram obrigados a desbravar na época.

Por isso, resgatar uma estrutura de jogo defasada e que requer uma quantidade de tempo absurda do jogador, principalmente em se tratando de explorar um conteúdo antigo, é um contra-senso.

Vivemos uma época em que o tempo é curto, os jogos possuem uma concorrência muito maior que a 12 anos atrás. Tentar prender um jogador por 40 minutos numa missão de juntar 30 espinhos de javali, andando sem montaria e sem indicação no mapa, me parece absolutamente fora da atual realidade.

É bom lembrar que o World of Warcraft é um jogo absolutamente feito de escolhas. Você pode escolher evoluir um personagem do nível 1 ao 100 em um final de semana utilizando o localizador de masmorras freneticamente, sendo rushado  por um colega, usando Elixir da Mente Rápida, missões de classe do Monge, itens de herança, bônus da feira de Negraluna, apoio do seu personagem principal com dinheiro e tudo mais. Mas você hoje pode escolher não fazer isso. O jogo ainda te permite evoluir teu personagem somente fazendo missões no mapa e ainda tem até conquistas para isso, como a do Mestre Historiador.

Hoje existe a crítica de que os jogadores ficam muito tempo nas guarnições e não formam grupos, não fazem amizades. Escolhas, pessoal, mais uma vez falarei de escolhas. Nada te impede de sair da guarnição, ir para a porta de uma raide, ou uma masmorra qualquer e iniciar um grupo. Hoje é até mais fácil fazer isso. Os canais globais do jogo vivem cheios, as pessoas são rápidas para fazer piadas, jogar tomates, incitar discussões e até, quem diria, fazer amizades.

Inclusive, cabe ressaltar, que inclusive na comunidade brasileira, já existem guildas especializadas em conteúdo antigo, em raidar com personagens com nível 60, 70, 80, 85 e 90 com o nível de experiência travado (sim, existe um NPC em cada facção que congela seu recebimento de pontos de experiência).

Você pode perguntar pelas dificuldades impostas pelo jogo em épocas antigas, como as citadas anteriormente. Eu digo que elas existiram num tempo diferente, numa realidade de gameplay completamente diferente do que temos hoje.

Eu vivi essa realidade. O Jamiell foi criado em 06 de Março de 2.007 no servidor Shadowmoon. Sim, eu joguei o jogo completamente em inglês, num servidor PVP onde somente existiam umas duas ou três guildas brasileiras na horda, sem localizador de masmorra, sem itens de herança e todas dificuldades impostas pelo jogo para evoluir o personagem na época do clássico (eu só comprei a expansão Burning Crusade quando cheguei no Nível 60).

Eu levei quase um ano para elevar o Jamiell ao nível 70 (cap da época). Eu somente fui realmente explorar o conteúdo final da Expansão quando foi lançado o patch 2.4 (Fury of the Sunwell) em março de 2.008.

Vale lembrar que nessa época eu só tinha um personagem alternativo, o Meldarion, que estacionou no nível 28. Recentemente eu transferi ele para o Azralon, porque simplesmente não tive coragem de deixá-lo mofando no Shadowmoon, nem tampouco apagá-lo. Ele ainda está no nível 35, oito anos depois. Era realmente muito difícil você manter dois ou mais personagens.

Hoje, eu tenho 11 personagens no Goldrinn, quase todos em nível elevado (tenho um bruxo no 28, um guerreiro no 8 e uma maga no nível 42). Hoje eu tenho uma visão muito melhor do jogo, conheço muito melhor as classes, entendo minimamente o funcionamento das rotações de quase todas classes do jogo.

Isso na época era impensável, a menos que você fosse do Seriado South Park®:

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Para finalizar, gostaria de levantar a seguinte reflexão: Qual a necessidade da Blizzard focar em atender uma demanda duvidosa, em um momento de pré-lançamento de uma expansão tão pretensiosa como o Legion, cujo prazo de lançamento encontra-se tão próximo?
É isso aí meu povo, vamos jogar que ganhamos mais!

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